O lagostim da espécie Faxonius limosus torna-se mais ousado quando exposto a níveis moderados de um antidepressivo cuja presença foi constatada na natureza, aumentando potencialmente o risco de ser predado. FOTO DE JOEL SARTORE, NATIONAL GEOGRAPHIC PHOTO ARK Antidepressivos destinados ao tratamento de humanos também podem afetar animais aquáticos quando esses medicamentos entram em cursos d’água.
Em um artigo publicado recentemente na revista científica Ecosphere, pesquisadores descobriram que lagostins expostos a níveis moderados do antidepressivo citalopram passam significativamente mais tempo procurando comida e menos tempo se escondendo. Esse comportamento pode tornar o animal mais vulnerável a predadores e, com o tempo, ter outros efeitos nos ecossistemas de riachos.
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Resíduos de antidepressivos na água podem tornar lagostins mais ousados e aumentar predação Peixes ‘fósseis vivos’ podem viver por até um século Bactéria transforma plástico em produto com gosto e cheiro de baunilha O estudo foi realizado em um centro de pesquisa em um curso d’água que imitava o ambiente natural, e os lagostins foram expostos a níveis do medicamento iguais aos encontrados em ambientes do mundo real.
“Foi surpreendente ver até que ponto o comportamento desses animais mudou”, relata a coautora do estudo Lindsey Reisinger, ecologista de água doce da Universidade da Flórida. “Foi uma mudança bem drástica.”
Por exemplo, lagostins expostos ao antidepressivo eram quase duas vezes mais rápidos para espiar e emergir de seus abrigos em busca de alimento, em comparação com animais não expostos.
O estudo, o primeiro a examinar a relação entre lagostins e antidepressivos em um ambiente naturalístico, levanta questões preocupantes sobre a extensão e o impacto desse tipo de poluição farmacêutica, afirma o coautor A. J. Reisinger, que trabalhou no estudo como pós-doutorando no Instituto Cary de Estudos de Ecossistemas e agora é biogeoquímico de água doce na Universidade da Flórida. (Os dois pesquisadores são casados.)