Os cientistas sequenciaram e registraram os genomas – a composição genética ou “código da vida” – de espécies de quase todos os ramos da árvore genealógica das aves.
Os genomas das 363 espécies, incluindo 267 sequenciados pela primeira vez, estão catalogados na revista Nature.
É uma lista que agora apresenta mais de 92% das famílias de aves do mundo.
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De penas de cores totalmente diferentes, tamanhos de corpo que vão desde o avestruz gigante até a diminuta carriça e velocidades de voo de aves de rapina de até 300 km/h [186,4 mph], “está tudo codificado no genoma”, disse ele.
Ave-do-paraíso-de-vitória As informações ajudarão os cientistas a compreender a evolução de estranhas e elaboradas exibições de cortejo, como o da Ave-do-paraíso-de-vitória. Fonte: SPL. E este marco, acrescentou o Dr. Michael, foi “apenas o começo”.
O projeto visa, eventualmente, incluir um genoma de todas as espécies vivas de pássaros. O Instituto Smithsonian, de Washington DC, que é um contribuidor importante por meio de sua vasta coleção de espécimes, disse que isso “avançaria a pesquisa sobre a evolução das aves e ajudaria na conservação de espécies de aves ameaçadas”.
A lista de sequências até agora inclui espécies raras, como o Porzana atra (Henderson crake), que vive em apenas uma pequena ilha do Pacífico.
Mas o Dr. Braun disse que a humilde galinha era a “espécie modelo” para estudar alguns exemplos extremos da evolução das aves – incluindo como evoluíram os pássaros gigantes que não voam, como o avestruz.
Galinha Biólogos aprenderam sobre a evolução dos membros das aves estudando galinhas. Fonte: VICTORIA GILL/BBC. “Estudamos intensamente o desenvolvimento dos membros em galinhas”, disse ele.
“E podemos aplicar isso a esse grupo de pássaros chamados de ratitas – pássaros como o avestruz e a ema.”
“Com a evolução da falta de vôo, houve muitas mudanças na anatomia dos membros – as asas ficam curtas, as penas de vôo se tornam inúteis, suas pernas ficam mais longas e eles perdem os dedos dos pés, porque estão correndo em vez de empoleirar.”
“Com esses recursos, você tem os detalhes – o código – de como isso aconteceu.”
Aves de rapina, exemplo de águia-pesqueira A visão aguda e a velocidade de voo são codificadas no genoma das aves de rapina, como a águia-pesqueira. Fonte: BRIAN K SCHMIDT. O biólogo conservacionista da Universidade Metropolitana de Manchester, Dr. Alexander Lees, chamou o catálogo de uma “mina de ouro de informações.”
“Isso permite uma visão refinada da árvore da vida das aves – remontando a tempos antigos – que pode fechar a porta de argumentos de longa data entre biólogos evolucionistas sobre ‘quem é quem’ em termos do ancestral comum”, disse ele.
E novos dados sobre mais de 60 espécies globalmente ameaçadas seriam um “kit de ferramentas crucial para os geneticistas conservacionistas.”
“Esta é uma informação que pode ser crucial na redução do risco de extinção a longo prazo de espécies com populações atualmente pequenas”, acrescentou o Dr. Lees.
Fonte:BBC News / Victoria Gill** Tradução: Redação Ambientebrasil / Maria Beatriz Ayello Leite Para ler a reportagem original em inglês acesse: https://www.bbc.com/news/science-environment-54904806